Boa tarde, tudo certo, gente?
Essa semana, novamente fiquei extremamente lotado de coisa pra fazer (de novo, o mestrado está me destruindo), então irei republicar a parte FINAL de uma história que escrevi pros idos de 2022, sobre uma pessoa alucinada pelo youtuber Cellbit.
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Espero que gostem do capítulo final!
ATENÇÃO: A SEGUINTE HISTÓRIA É 100% FICCIONAL, E QUAISQUER SEMELHANÇAS COM A REALIDADE SÃO PURAMENTE COINCIDÊNCIAS!
Voltei a pé para a casa da minha avó, pensando no que eu havia feito de errado. Chovia bastante, mas isso não importava. Eu havia perdido a única coisa que dava sentido à minha vida.
Chegando em casa, minha avó perguntou como tinha sido o jogo, e eu a ignorei. Fui direto para a cozinha, peguei o sorvete que estava no congelador e fui para o meu quarto.
Passei a madrugada em claro, chorando, comendo sorvete e assistindo os vídeos antigos do Cellbit. Além disso, me questionava o que fiz de errado e se realmente deveria estar assistindo esses vídeos, depois do ocorrido.
Minha cabeça não parava de pensar naquelas cenas, repetidamente. Resolvi me humilhar mais um pouco, e mandar uma mensagem para Cellbit me desculpando. Entrei no Whatsapp e digitei uma mensagem bem articulada para o mesmo número que tenho a quase 10 anos e que costumava conversar todos os dias. A resposta veio mais rápido do que imaginei:
-desculpa pq cara?
Foi ai que, finalmente, eu percebi que tinha algo de errado. Cellbit ontem estava furioso, e eu o conheço, sei que ele não perdoa as pessoas com tanta facilidade. Ele jamais esqueceria do que aconteceu.
Por outro lado, ele parecia não me conhecer ontem. E se o número que eu conversei todos esses anos não era do Cellbit? Será que é isso? Mas ele respondia como se fosse o Cellbit…. Se ele não é o Cellbit, ele só pode ser alguém que o conhece muito b-…
A ficha caiu.
A única pessoa que eu poderia estar falando é o Maicossuel, já que foi ele quem me passou esse número.
Ao perceber isso, senti uma ira como nunca havia sentido na vida. O ódio tomou conta de mim, e eu comecei a ter um ataque. Joguei meu notebook no chão, espatifando-o em mil pedaços. Ataquei itens do meu quarto, derrubei coisas da mesa, pulei na minha cama e gritei como nunca fiz antes. Assustada, minha avó abriu a porta do meu quarto e falou:
-Que que tá acontec-…
-SAI VÓ! -gritei com toda a força dos meus pulmões.
Ela saiu. Pouco depois, também saí, cego pelo ódio.
Fiquei vagando na rua, pensando no que poderia fazer. Depois de muito tempo de andanças sem sentido, resolvi ir até a casa do Cellbit, já que eu sabia onde ele morava.
Cheguei no local, ainda sem saber direito porque estava ali. Fiquei sentado de frente, com a cabeça muito agitada. Cerca de uma hora depois, Cellbit sai de casa, distraído e conversando no celular. Resolvi segui-lo.
Eu não conhecia o bairro que estava, então não tinha ideia de onde ele poderia estar indo. Chegamos numa rua movimentada. Eu estava cansado das andanças, porém andei por mais 45 minutos até ter uma ideia. Eu estava carregando minha blusa de frio. Já fazia calor, então resolvi tirá-la. Nesse momento tomei a pior decisão da minha vida: enrolei a blusa nas duas mãos e decidi que ia estrangular Cellbit.
Apressei o passo para me aproximar dele. Fui chegando cada vez mais perto, e pouco antes de atacá-lo, uma faísca de consciência se acendeu: “O que eu estou fazendo!!??? Eu não sou um assassino”!
No entanto, já estava próximo demais de Cellbit. No impulso, coloquei a mão no ombro dele e falei:
-Cellbit, queria pedir desculp-…
Ele se virou, dando um salto para trás:
-Que que você está fazendo!? — gritou.
Ele olhou para minhas mãos e, rapidamente, deduziu qual era minha intenção inicial.
-SOCORRO! POLÍCIA! TEM UM POBRE QUERENDO ME MATAR! — gritou ainda mais alto.
-Cellbit, calma… Eu só…-
Fui interrompido por uma força que me carregava para trás. Aquela movimentada avenida tinha um intenso policiamento, que eu não havia percebido antes.
Enquanto os policiais me seguravam e me algemavam, Cellbit disse:
-Ah, eu reconheço você! Você é o cara que entregou o nosso jogo!
Fui colocado no bagageiro do carro da polícia. No momento em que o carro ia sair, Cellbit gritou:
-Aguarde o processo, trouxa!
Minha história foi interrompida por um comentário:
-Hmm… Interessante. E como foram os dias seguintes? — perguntou a psicóloga
-Foram terríveis. Passei uma semana na cadeia aguardando julgamento, e assim que fui liberado recebi o processo do Cellbit, no qual fui condenado. Era uma ordem de restrição, que me impede de ficar a 2km de qualquer lugar que ele esteja. — respondi
-Que situação chata Mateus… Na próxima reunião vamos tratar disso melhor. Vamos para o próximo depoimento, porque já se passaram 2h e a gente ainda não está nem na metade. Você, pode dar o seu depoimento — disse a psicóloga, apontando para a pessoa do meu lado.
Fiquei desolado. Não obtive nenhum comentário da parte dela além disso. Quando dei uma olhada nas demais pessoas que estavam na sala, notei que algumas até mesmo cochilavam. Frustrado, saí da reunião. Assim que pisei do lado de fora, notei que havia um grande outdoor logo na minha frente. No outdoor, Cellbit aparecia com um controle de videogame, “jogando”. Era uma propaganda de provedor de internet.
Recolhi-me na minha tristeza e insignificância e continuei vagando pelas ruas, sem saber direito o que fazer ou aonde ir.